Semana passada eu ouvi,
da boca de uma amiga, cuja identidade deixo no anonimato, o fato de que seu
filho teria sido abordado pela esposa de um candidato a vereador em nosso
município, a qual teria perguntado como ele, na qualidade de universitário, “deixava de apoiar dois doutores”, para votar em candidatos pouco
escolarizados. Por trás da inocente colocação dessa senhora esconde-se um
velho preconceito contra os analfabetos ou menos escolarizado, aqueles que por
falta de oportunidades não passaram, ou passaram apenas por pouco tempo, pelos
bancos escolares. Trata-se, pois, de um
discurso etnocêntrico, marcado pela supervalorização do próprio grupo (os
escolarizados/doutores) sustentada por uma desvalorização do diferente (no caso
os que detêm menos títulos escolares/não doutores).
Como a maioria de vocês
devem saber, eu não apoio os candidatos apresentados pelo atual gestor, no
entanto, jamais deixarei de defendê-los de tal acusação uma vez que, o fato de
não possuir um diploma escolar mais elevado, não torna alguém menos apto a
ocupar um cargo público. Da mesma forma, não acho que o fato de “ser filho da terra”, torne alguém mais
adequado para a administração pública. Se do lado dos que defendem os títulos
escolares temos um discurso etnocêntrico, do outro lado, dos que defendem o
argumento de “filhos da terra”, temos um discurso xenófobo, isto é, fundado na aversão
aos “estrangeiros”, aos que “não são filhos da terra”. Esse tipo de argumento é
perigoso, pois, em longo prazo, pode desembocar em práticas nazistas, como as
que recentemente tem proliferado na Grécia, onde, desde a conquista de algumas
vagas no parlamento pelo partido “Aurora Dourada” (Neonazista) os “estrangeiros”
têm sido vítimas de várias agressões, conforme reportagens publicadas
recentemente, inclusive nos sites da Veja e do jornal Correio do Brasil, dentre
outros.
Meu argumento é que um
gestor público não precisa, necessariamente, ser “doutor” ou mesmo “filho da
terra”, tais qualidades são dispensadas, o que não deve ser dispensado mesmo é
a seriedade, o compromisso com o povo, o comprometimento, o desejo de governar
em benefício da coletividade e não em benefício próprio. Estas são algumas das
credenciais que torna alguém apto para conquistar o meu, o seu, o nosso voto... E são credenciais que se revelam já durante a
campanha eleitoral; quem se utiliza de preconceito ou de xenofobia para
angariar votos, não merece nossa confiança de eleitor.
Que bom seria se todos os eleitores tivessem consciência...sei que aos poucos a venda vai caindo e teremos condições de enxergar os verdadeiros,os da verdade,os que estão ao lado do povo...dias melhores virão.
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